NÃO cruze os seus braços diante do primeiro obstáculo, mesmo que estes lhe pareçam intransponíveis.

LUTE!
SONHE!
BUSQUE!
CONCRETIZE!

LEMRE que o maior HOMEM do mundo morreu de braços abertos.

sábado, 4 de agosto de 2007

Terapia Ocupacional em Traumato-Ortopedia

Com o gradativo acesso do profissional Terapeuta Ocupacional aos diversos níveis de assistência à saúde, pôde-se perceber a enorme contribuição deste à comunidade em sua complexa diversidade de situações e necessidades, não só no que se refere à prevenção, tratamento e recuperação de seqüelas, mas principalmente no âmbito da promoção da saúde, facilitando a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos.
Entre as inúmeras áreas de ação do Terapeuta Ocupacional, uma das que mais vêm se ampliando é, sem dúvida, a que se relaciona ao atendimento durante a fase de hospitalização. Nesse sentido, várias práticas foram sendo desenvolvidas a fim de atender à exigência da clientela envolvida.

Hoje encontramos o Terapeuta Ocupacional em diversas clínicas do hospital geral e, entre elas, encontramos a clínica traumatológica e ortopédica, tanto com adultos como com crianças, como um potencial espaço para o desenvolvimento das ações da Terapia Ocupacional.

O ambiente hospitalar, tanto quanto a internação propriamente dita, tem grande impacto sobre o indivíduo. Cada hospital apresenta regras, normas de comportamento, rotinas diárias que, espera-se, sejam absorvidas pelo indivíduo, sem questionamentos ou discussão e que, ao contrário, este possa abandonar de forma tranqüila e amável todos os seus desempenhos e atividades usuais. Espera-se do indivíduo hospitalizado que reconstrua seu cotidiano de forma rápida, automática.

O desenvolvimento da Terapia Ocupacional nas áreas da Traumato-ortopedia vem se dando na medida que a demanda deste profissional foi sendo criada dentro do contexto hospitalar e ambulatorial pelos próprios terapeutas, frente às novas situações de trabalho, que exigiram a criação e adaptação de novas formas de abordagem e tratamento.

O trabalho na hospitalização deve levar em conta diversos aspectos relacionados ao cliente, tais como: reações emocionais, orientação religiosa, relação sociocultural, relações interpessoais, relações familiares, entre outros, a fim de desenvolver uma abordagem adequada a cada indivíduo e, simultaneamente, conduzir de forma eficaz o grupo, quando esse for o tipo de tratamento eleito.

Muitas vezes o indivíduo apresenta comportamentos interferentes e difíceis, que podem ser acentuados em resposta à sobrecarga que a situação de doença acarreta.

O indivíduo é atravessado por inúmeros sentimentos que se fazem marcantes e marcados por situações invasivas, que acompanham todo o processo de internação. A atitude da equipe que acompanha o indivíduo durante sua internação é de extrema importância, uma vez que poderá estimular processos, positivos ou negativos, de vivência, desempenho, convivência, participação, no tocante à co-responsabilidade do processo de tratamento.

Também a família precisa ser envolvida no ambiente terapêutico do hospital, de forma a tornar-se uma aliada, mantendo os desempenhos familiares, permitindo que o paciente, mesmo hospitalizado, continue participando de forma positiva das discussões e decisões de cunho familiar; a preservação do papel social do indivíduo, principalmente em hospitalizações prolongadas, mantém a autovalorização, o que facilita, inclusive, os procedimentos e a melhora clínica.

As ações da Terapia Ocupacional em Traumato-ortopedia variarão com as seqüelas, o tipo de trauma, problema ortopédico, deformidade congênita, abordagem médica realizada ou a se realizar, estado geral do paciente, entre outros.

Assim, ao trabalharmos com indivíduos hospitalizados, devemos desenvolver uma avaliação rápida e objetiva, uma vez que o paciente tem, em geral, um curto período de internação, se fazendo necessário, muitas vezes, avaliar, atender, orientar e encaminhar em um único contato.

Deve-se, então, em conversa informal com o cliente, saber seus dados pessoais mais relevantes para o desenvolvimento do tratamento e/ou orientação, tais como: idade, profissão, situação sociofamiliar, estruturação de vida, tipo e causa da patologia/problema, procedimentos já realizados e os cuidados que exigem, procedimentos a serem desenvolvidos, posturas possíveis para o paciente em função de seu quadro atual, capacidade de mobilidade global encontrada e nível de independência em AVD, AVP, AVL, AVT. É de extrema importância o conhecimento das habilidades específicas, das atividades que realizava por prazer, ou opções que gostaria de experimentar. Esse aspecto se torna principalmente importante em hospitalizações mais prolongadas, quando atividades de lazer tornam-se prioridades no processo de manutenção do equilíbrio e da saúde mental do indivíduo, uma vez que o mantêm ativo, preservam-lhe o desejo e a sensação do estar vivo. Preserva-se, antes de tudo, a integridade do SER, que pensa, age (mais do que reage), é capaz de escolher, de criar e de descobrir-se a cada momento.

Assim, a Terapia Ocupacional pode evitar a sensação de invalidez e a baixa da auto-estima que se instalam naqueles cujas características basais e situações socioemocionais são originalmente mais precárias.
Torna-se vital ao processo terapêutico, a orientação do paciente quanto à sua situação geral – quadro, cirurgias, cuidados pré e pós-operatórios, possíveis dificuldades encontradas após a cirurgia e formas de contorná-las.

O indivíduo que encontra-se hospitalizado necessita, de antemão, do contato e do acolhimento do profissional, uma vez que a situação de doença e, em especial, a situação de internação, mobiliza-o profundamente. São despertados medos em relação à dor, à morte, a expectativas quanto à cirurgia, à possibilidade de desabilidades futuras, além do sofrimento pelo afastamento familiar, pela possível dificuldade financeira da família a partir deste afastamento, pelo medo do abandono, por sentir-se só...

Temos, assim, objetivos importantíssimos no que diz respeito ao cuidado, ao estabelecer vínculos que podem fortalecer o indivíduo, além de facilitar a troca com outros pacientes que também encontrem-se internados (na própria enfermaria ou em outra).

Ao se desenvolver trabalho terapêutico ocupacional com indivíduos que apresentem disfunções físicas, devemos ter o cuidado de não compartimentar o sujeito, visualizando somente a área lesada, o segmento a ser tratado; mas atuando holisticamente, entendendo que esse sujeito faz parte de uma história que continua a ser escrita, e que é a todo tempo atravessado por questões sociais, religiosas, educacionais e emocionais. A todo momento novas situações são deflagradas gerando emoções, dúvidas, alegrias, medos e raivas, sentimentos esses que necessitam de um espaço para se fazerem materializados, e só assim reformulados e elaborados.

Através do uso de atividades terapêuticas é possível fomentar a discussão e o processo de criação, abrindo espaços internos para elaboração de novas perspectivas, não só com relação ao tratamento, ao ciclo de atendimentos, à invasão constante em sua privacidade, mas principalmente no que diz respeito ao seu reconhecimento e fortalecimento psíquico.

O uso de atividades expressivas com os pacientes com seqüelas físicas tem caráter de grande relevância, uma vez que cada pessoa vivencia o processo de adoecimento e perda de forma particular e única. O trabalho de possibilitar e potencializar esse tipo de atividade facilita o empenho do indivíduo em todo o seu processo terapêutico, promovendo melhor desempenho do mesmo em todos os seus espaços de ação.

O desenvolvimento de atividades, sejam elas de base expressiva, recreativa, de vida diária ou prática, pode ser individual ou em grupo. O uso de atividades grupais favorece o esclarecimento de dúvidas, o contato com variadas formas de olhar, sentir e viver os problemas, o estabelecimento de grandes relações de ajuda e a descoberta de possibilidades e potenciais até então desconhecidos.

Na abordagem transdisciplinar da Terapia Ocupacional, encontramos como co-terapeutas e grandes colaboradores do processo de trabalho do paciente, toda a equipe, o pessoal dos serviços gerais, a família e, principalmente, os outros pacientes com suas interferências, fruto de suas visões e vivências pessoais diante de problemas e/ou situações semelhantes ou não, mas que requerem novo dimensionamento de valores.
Objetivar o atendimento sem perder a característica transformadora do processo terapêutico é um desafio que possibilita garantir uma visão holística desse sujeito.

CanTO de InformAÇÃO

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